Há exatamente uma semana atrás, a essa hora, estava começando a se contorcer de dor no colchão, enquanto o namorado começava a entrar em desespero a seu lado. Já havia tomado dois comprimidos, chá de todas as plantas do jardim e a dor não passava. Até que, 'chama a minha mãe, eu preciso ir no hospital agora!'
E foi, carregada pelo pai, até o carro para, então, uma agulha entrar em sua veia direita e o soro correr pelo seu organismo, para recuperar os danos de 24 horas sem se alimentar.
Mas também, exatamente a esta hora, não parava de pensar no quão a noite anterior fora inesquecível.
Lembrava-se de ouvir o mestre de cerimônia chamando cada formando para ir retirar o seu tão estimado canudo. Lembrava-se de olhar os saltos das garotas e as cores das barras dos vestidos por debaixo das becas pretas. Do lutar para que as lágrimas não escorressem e borrassem sua maquiagem e seus cílios postiços fossem por água abaixo. Dos gritos a cada nome conhecido chamado.
O fim da cerimônia de colação acabara, mas os abraços daqueles que, diariamente vira, durante três anos, toda manhã, com as caras de sono, o cabelo bagunçado e o rosto inchado ou com marcas de espirais dos cadernos. Daqueles para quem falara 'bom dia' e dera um abraço sincero por mais de mil dias. Daqueles com quem compartilhara todos os acontecimentos de 'ser uma adolescente'.
Conseguira conter as lágrimas até abraçar aquele que a disse ao ouvido que ela fora e seria, para sempre, a sua melhor amiga. A partir de então, todos os outros abraços foram regados de lágrimas, de eu te amos e de nunca vou te esquecer.
A família reunida, os brindes, os sorrisos.
Os vestidos, smokings e fotógrafos.
Os discursos, conversas e risadas.
Os drinques, copos e garrafas.
E a pista de dança. Ah, a pista de dança, hahaha.
Dançara até seus pés não aguentarem mais o próprio peso, até não se lembrar mais de quais músicas tocara e de que forma havia dançado.
Sua memória, definitivamente havia ficado no salão de cabelereiro, quando saíra de lá as 19h, e não voltara, acho que até hoje.
Mas nada, nada substituirá ou apagará da memória a noite em que, muito provavelmente pela última vez, todos aqueles rostos que via, das sete da manhã, até o meio dia, desde seus quinze anos de idade e que, no começo não passavam de meros desconhecidos colegas de classe ou escola, mas que agora eram parte de sua vida, estariam em seu coração até sua morte e fizeramgrande parte do que pode chamar de sua história. E se essa noite for mesmo a ultima em que todos estes rostos, corpos e corações estariam reunidos em um só lugar, então quando eu mostrar meu álbum de formatura
''Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E isso vai doer tanto. Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida"
Strawberry fields forever
- domingo, 24 de janeiro de 2010
pony cor de rosa, formada