Dizem que você é o que você come.
E eu considero isso completamente palpável. Não que eu seja um pote de sorvete de 50L tamanho extra-grande, ou uma latinha de chá ambulante ou um brócolis falante, não é isso. Coloque um japonês movido à sushi, chá verde e tofu contra um americano entupido de fast-food nas veias, eles são o que comem. Gordos, saudáveis, com as artérias coronárias entupidas de tanta gordura transgênica ou com condicionamento físico para praticar ioga, sem interrupção, por 7.200 horas. Você é o que você come.
Porém, ouso ir mais além. Como não somos só feito das necessidades alimentares, não somos apenas feitos disso. Somos feitos também do que falamos, do que ouvimos. Somos feitos dos nossos pensamentos, atitutes, hábitos, manias, modo de se vestir. Somos feitos do que apreciamos, do que nos atrái.
Somos feitos do que brincávamos, quando crianças, das histórias que ouvíamos antes de dormir, dos desenhos que mais gostávamos.
Somos feitos do lençol aconchegante que nos cobria, dos braços que nos aninhavam, da pelúcia que nos ajudava a pegar no sono.
Somos feitos das gravuras nas paredes, dos objetos nas prateleiras ou no criado-mudo. Principalmente os do criado-mudo, que estão mais próximosde nós.
Somos feitos das roupas de baixo que usamos, do jeans que mais gostamos, das blusinhas e vestidos no guarda-roupa. Dos brincos, pulseiras e anéis no porta-jóias, dos pijamas e das pantufas.
Somos feitos das nossas bandas favoritas, do nosso restaurante preferido, dos nossos ídolos, das canções que mais ouvimos. Dos shows que já fomos, dos filmes que mais gostamos, das frases que mais falamos.
Somos feitos do modo como agimos com outra pessoa,
do modo como as tratamos.
Somos feitos dos nossos amigos, ficantes ou namorados.
Somos feitos dos nossos pais, irmão e familiares.
Posso, certamente dizer que sou feita de Beatles, Disney, sorvete, rosa, Boys Like Girls, chá, livros, viagens, coisas novas e desconhecidas, Europa, sonhos, fantasias, amigos, amores. Sou a bagunça na cozinha depois de meus experimentos culinarísticos acompanhados de muito sorriso e de todos os temperos que eu puder encontrar. Sou o incitar risos sem ao menos ter esta intenção. Sou o ficar noites sem dormir planejando a universidade, as viagens, os países desconhecidos, as culturas e conhecimento que irei adquirir. Sou poneys com crinas cintilantes, sou gostinho de açúcar. Sou teimosia e persistência. Sou acreditar piamente em sonhos. Sou crer que tudo é possível.
Mas isso, afinal, nos remete a uma dúvida filosófica antiquíssima, O homem faz o meio ou O meio faz o homem?
Creio que ambas as indagações são corretas.
Para que o meio faça o homem, o homem tem de ter feito o meio.
Para que uma canção, uma banda, uma roupa, um alimento faça o homem, o homem tem de ter feito estes itens.
Então essa seria uma dúvida como Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?
Prefiro sempre responder que foi o ovo. De dinossauro.
poney cor-de-rosa