Last Christmas



Sempre a data mais esperada do ano. A mais mágica. A atraia mais que seu próprio aniversário.
Chegava o fim de novembro e já podia ouvir o tilintar dos sinos, sentir o cheiro de panetone e o gostinho do peru com farofa. Já sentia a brisa natalina a caminho e sair à rua e ver todo comércio enfeitado era seu maior presente. E as canções então? Eram mais que um bálsamo para os ouvidos.

Contava os dias, fosse pelo calendário de chocolate, onde cada dia passado comia um bombom, fosse pela data da folhinha na porta da
geladeira.

A casa toda adornada de verde, vermelho e dourado fazia com que seus olhos se estrelassem e a musiquinha do pisca-pisca fazia-na se debulhar em lágrimas emocionadas.

Todo ano era assim. Todo ano esperava ansiosamente pelo dia 24, ajudava a mãe com a ceia, era a primeira a ficar pronta e descia, a espera dos convidados.

As frutas, antepastos, perus, tenders, chester, sobremesas. Comida com gosto de Natal.
A oração antes da refeição com o Cristo que o tataravô fizera, ele próprio, tão tradicional na família.
E meia-noite, o cumprimentar a todos com um abraço carinhoso e um sincero 'Feliz Natal'.

Não se importava com a quantidade de presentes que receberia, pois a data em si já era o maior presente que poderia ganhar.

pony natalino

Getting better


30 minutos. 20. 15. 10. 5, 4, 3, 2, 1



DEZOITO!

Enfim d-e-z-o-i-t-o! agora eu já posso dirigir, ser presa, beber legalmente, abrir crediário nas Casas Bahia, ou na Renner, assistir as sessões de cinema pra maiores, ir a uma praia de nudismo
hahahhaha

Ok, algumas coisas eu nem irei tirar proveito, mas o que me for tangente será mais do que abusado e aproveitado.

E, para quem estava surtando e perdendo neurônios de tanto estudar, tive uma comemoração mais do que digna.

Pelo final do colegial, pensamos que, talvez, não vejamos mais nossos amigos queridos, que todos começarão a ter sua vida própria e solitária, trabalhando ou na faculdade e que, jamais a convivência será como antanho. Mas vocês me provaram o contrário.

Mesmo durante a semana, em que vários iriam trabalhar no dia seguinte ou não podiam aproveitar até o raiar do dia pois estavam de papai-móvel, afinal, sou uma das primeiras a atingir a maioridade dessa turma, vocês me provaram que o amor e a amizade, ou pura e simplesmente a vontade de sair pra gandaia, eram maior, e apareceram, com o sorriso mais lindo e o abraço mais carinhoso, para comemorar o meu aniversário.

Não sei dizer o que sentia a cada rosto amigo que via adentrando aquele recinto, ou o quão engraçada e espontânea eram as minhas risadas com vocês, só sei que vocês que fizeram a minha vida nestes últimos três anos. E espero que possam fazê-la ainda mais rosa, brilhante, purpurinada e cheia de amor por mais, no mínimo, oitenta e dois anos.

Eu amo vocês

i'll be on my way

Faltam cinco dias para a minha maioridade. Eu disse cinco. Só cinco.


Eu gostaria de poder estar, agora, gritando de felicidade, contando os segundinhos e planejando sair, na seguda feira mesmo, voltar só na madrugada seguinte, aproveitar tudo o que 'ter dezoito anos' significa, com a inconsequencia de alguém que agora tem o mundo em suas mãos.

Mas, não. Não estarei em nenhuma balada cinco estrelas proibida para menores, nem indo ao cinema numa sessão para adultos, correndo o risco de ser presa por qualquer ato que fizesse ou abrindo um crediário em uma loja de departamentos qualquer. Estarei em uma sala de aula, fazendo o vestibular que vale a minha vida. Ou mais.

Aquele que irá decidir o que farei durante os doze meses que terei dezoito anos. Ou seja, tudo.

Comecem uma novena, orem por mim, ou ao menos me desejem sorte.
Agradecida, haha.

pony cor-de-rosa

you'll be mine


À espera da visita tão estimada, estava inquieta. Não sabia mais por que cômodos da casa andar, nem o que fazer com as mãos. Borrifava seu perfume de meio em meio segundo e ajeitava a roupa no corpo vez ou outra.
O barulho do carro freando fez com que corresse à frente da casa. Nem mesmo ele havia tocado a campainha ou batido na porta, ela já destrancara e abrira, com um sorriso, que, ao olhá-lo, aumentou setenta e duas vezes.


Dava para sentir seus olhos brilhando, marejados com aquela cena.
Ele estava ali, com um buquê, das suas flores prediletas, sendo que ela só havia dito uma vez isso à ele. Ele lembrara da sua preferência, como sempre lembrou-se de tudo até então. Em meio às flores, ao sorriso de ambos e aos olhos estrelados, ele, singelamente, dizia, quase como num sussuro,

'quer namorar comigo?'

e ela, com os olhos marejados, nem sequer conseguiu responder, apenas se jogou em seus braços, sorrindo divinamente e entrando pela sala com as flores de um lado e seu namorado de outro, não conseguindo nem disfarçar tamanha felicidade.




pony cor-de-rosa. namorando

she loves you


Metade da laranja. Alma gêmea. Tampa da panela. Cara-metade.


Talvez não sejamos nada disso, porque a outra metade da cítrica alaranjada deveria me complementar e não ser tão parecida. Ou talvez sim, já que temos o mesmo gosto.
Alma gêmea, não sei. Não sei se almas gêmeas teriam tanta graça.
Tampa da panela. E se eu for uma frigideira?
Cara-metade. Não, a gente não se parece.
Talvez nenhuma expressão clichê nos defina. Talvez nem mesmo uma expressão inédita o faça. Somente aquelas músicas que ambos conhecemos nos enquadra. Aquelas sobre a sorte em se apaixonar por um melhor amigo, ou sobre quanto uma das partes tentou resistir, mas acabou cedendo.
Sobre amor. Pura e simplesmente amor. No mais ingênuo significado que esta palavra possa ter.
Na mais singela troca de olhares e carícias afáveis. Na mais digna conversa ou no mais simplório acontecimento. Amor.

Amor.

pony cor-de-rosa apaixonada

the ballad of john and yoko


Uma comemoração nem tão esperada da parte dela até então, mas com certeza o dia mais importante da vida de duas personagens. Comprar o vestido no dia anterior, ir ao cabelereiro, se empetecar. Ah, é festa, né!?


Descer do carro, subir as escadas, fazer a sagrada reverência. Procurar faces conhecidas e sentar-se. Perto do corredor, que é para ver a personagem mais querida da noite adentrar o recinto.

Rufam-se os tambores. Tá, os tambores não, mas sim os violinistas. Começa a música. Não mais a marcha nupcial, isso é 'soo last week', escolhe-se uma outra canção. Uma da Disney, talvez.

O pai e a moça. A moça e o futuro esposo. Um beijo carinhoso na testa e vão ao altar. Uma cerimônia de deixar até os olhos desta vã narradora marejados. Também, pudera, os de todos os espectadores ficaram.

Mais uma canção, agora cantante, enquanto padrinhos e noivos descem do altar rumo à festa.

Flashes e sorrisos, ainda com os olhos lacrimejados e brilhantes.

Entram nos carros. 'Qual o nome?' 'Ok, obrigada, pode entrar'. Bebidas, comida, sorrisos. Familiares. E ao fundo, mas excepcionalmente não menos importante, uma certa bancada, com certas frutas coloridas, adereços e substâncias engarrafadas. Que não passavam despercebidas por ninguém.

De tão emocionada que ela ficou, de tão tocada e, pela primeira vez em tantas outras cerimônias, encantada, a ideia de casamento não a pareceu mais tão assustadora. Talvez até atraente. Um enlace entre amantes, até que a morte os separe, ou nem isso. Uma prova de amor puro ingênuo e sagrado. Sem deixar a chama da paixão e loucura se apagar, mas agora uma loucura a dois e nada mais. Mas isso só daqui a muitos anos. Nesse meio tempo há muito a se fazer.

pony cor-de-rosa. ao som de 'a bela e a fera'