magical mistery tour


Eu não gosto de ser pessoal; explícita. Prefiro tomar uma personagem, criar uma situação e discursos imaginários, todavia verossímeis, que se aproxime ao máximo da realidade, porém de um ponto de vista desconhecido publicamente.

Eu gosto do mistério, do confuso, do implícito. Eu gosto das entrelinhas, do intuitivo, do susceptível.

Prefiro a bruma quando se diz respeito a sentimentos.

Mas, não posso me manter distante, menos ainda imparcial, quando me diz respeito aos últimos três anos de minha vida. Quando se diz respeito ao colégio.

Como, eu repito, como, se manter aquém a melhor parte de sua vida?

Como deixar-se imparcial mediante às centenas de rostos sonolentos, cabelos desgrenhados e sorrisos preguiçosos vistos durante manhãs e tardes a fio, durante anos?

Como não se envolver com pessoas com quem passava mais tempo junto que com seus próprios pais? Com quem dividia merendas, almoços, fofocas, bilhetes, emoções, amores, rivalidades... Com quem chorava, consolava, elogiava, advertia.

Como não se encantar com o lugar que a proporcionara os mais diversos tipos de amor, as mais diferentes formas de convívio e a pureza e o real significado da palavra ‘amigo’.

Como se esquecer dos corredores, cantos e encantos daquele lugar? Como deixar para trás momentos e lembranças tão vívidas na memória?

Como não ter um aperto no coração e um nó na garganta ao se lembrar do lugar onde fora mais paparicada e querida?

Foram três anos; três gerações; dezenas de amizades; centenas de emoções. Coisas que jamais teriam acontecido, não fora naquele lugar.

Naquela dimensão paralela, onde nada era o que parecia, tampouco o que deveria, porém, era sempre mais do que o esperado.

E esses três anos foram, sim, muito mais do que eu pensava, muito mais do que eu um dia pedira. Foram as melhores lembranças da minha adolescência. Foram TODAS as lembranças da minha adolescência.

E eu nunca conseguirei expressar com palavras tudo o que sinto quando a sigla ‘etevav’ me vem à mente.

pony cor-de-rosa